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Pergunta de Entrevista: “Qual é a sua pretensão salarial?”​

Essa é uma pergunta que deixa muitas pessoas inseguras e desconfortáveis.

Primeiro, porque tratamos a questão salarial como um tabu no Brasil, talvez fruto da nossa desigualdade social, que faz com que as pessoas tenham receio de comparações e desconfortos.

Penso que o oposto seria muito melhor: quanto mais as pessoas soubessem o salário umas das outras, mais difícil seria para os empregadores fazerem propostas esdrúxulas como vemos em alguns casos.

A primeira dica então é, busque informações salariais de mercado, seja da empresa alvo, seja de concorrentes. Um caminho que eu recomendo é o site do Glassdoor.

Se você está trabalhando e, embora esteja abert@ a mudanças, está confortável com a sua situação atual, sugiro responder de acordo com a situação:

  1. Se o seu salário está na média do mercado ou acima, o ideal é apresentar uma expectativa de incremento da ordem de 10% a 20% sobre sua remuneração atual para compensar o “risco da mudança”.
  2. Se estiver abaixo, pode ser uma oportunidade para tentar uma correção salarial, apresentando uma expectativa dentro da média de mercado. Neste caso, reforce que você sabe que seu salário está defasado, que você “fez uma pesquisa de mercado e entende que a remuneração adequada para a posição é entre X e Y, o que inclusive é um dos seus motivadores para uma transição”.
  3. Se está trabalhando mas está muito insatisfeit@ com a situação de trabalho atual por outros motivos que não a remuneração, imagino que esteja mais flexível em relação à questão salarial. Neste caso, eu apresentaria uma pretensão salarial em linha com a remuneração atual e reforçaria os outros motivadores para a mudança.

Se está desempregad@, minha sugestão é sempre apresentar uma pretensão salarial em linha com a média de mercado, independente se no último trabalho você ganhava mais ou menos. Isso mostra que você ao mesmo tempo se valoriza e é “pé no chão”. Mas se a negociação levar a uma proposta inferior à sua remuneração anterior e mesmo assim você estiver inclinad@ a aceitar pela sua condição de desemprego, minha sugestão é se posicionar da seguinte forma: “Eu não aceitaria essa proposta para trabalhar em qualquer lugar, mas nesta empresa faz sentido pelas questões x, y e z.” – uma abordagem que valoriza a si próprio e também o seu futuro empregador.

Em qualquer negociação salarial, considere sempre o pacote completo, incluindo salário e benefícios, tais como comissões, adicionais de periculosidade ou insalubridade, participação nos resultados, bônus, carro, vale-refeição e/ou vale alimentação, plano de assistência médica, etc. Pode acontecer de a empresa contratante ter um salário fixo menor, mas compensar com um bônus mais agressivo, ou talvez com um carro no pacote de benefícios, por exemplo.

Outro ponto muito relevante para a avaliação do pacote é o chamado “salário emocional”. Tem a ver com o alinhamento da posição com seu momento pessoal e profissional, com o ambiente de trabalho, perspectivas, sonho de trabalhar em uma determinada posição, área ou empresa, etc. Ou seja, é tudo aquilo que te motiva mas não é mensurável de forma direta. Pode ser que surja “a vaga dos seus sonhos” com um pacote de remuneração e benefícios inferior à sua expectativa, mas que ainda assim faça sentido para você.

Nunca seja o primeiro a tocar na questão da remuneração em uma entrevista. Deixe a cargo do entrevistador abordar o tema. Primeiro, foque em “encantar o cliente”. Quanto melhor você pesquisar sobre a empresa e a vaga, melhor você entenderá as necessidades envolvidas e melhor você conseguirá ressaltar seus diferenciais para a vaga em questão, levando a uma maior percepção do seu valor por parte do entrevistador.

Ao receber uma proposta de emprego, você sempre pode tentar negociar alguma condição mais favorável. Nunca vi uma empresa desistir de um candidato que tentou negociar. Não tenha medo de negociar, mas seja razoável e saiba a hora de parar. Não vá tentar dobrar o salário proposto inicialmente ou pedir algum benefício muito fora da curva, pois essa atitude poderá ser considerada até como arrogância. Se perceber que a empresa está engessada e não consegue melhorar as condições dentro do que você pediu, é melhor parar por aí e avaliar se faz ou não sentido seguir em frente. Se fizer sentido, mergulhe de cabeça!

Deu tudo certo com a negociação? Peça à empresa uma formalização por escrito da proposta e das condições. Se acontecer algo no meio do caminho, você estará protegid@.

O que NÃO fazer!

  • Implorar pela vaga por qualquer razão que seja – nenhum recrutador vai te contratar por caridade, mas sim porque ele entende que você é @ profissional adequado para a vaga.
  • Usar expressões como eu gostaria de ter uma remuneração X ou eu mereço uma remuneração X. Ao invés disso, foque em mostrar seu potencial e se posicione de forma assertiva, como por exemplo: “Entendo que pela minha experiência e aderência com as necessidades da empresa, a remuneração adequada é algo entre X e Y”.
  • Mentir sobre o seu pacote de remuneração atual. É muito fácil para qualquer recrutador ou headhunter validar esse tipo de informação e você pode simplesmente ser desclassificad@ do processo por isso.
  • Aceitar uma contra-proposta do seu empregador atual depois de todo o processo concluído. Além de ser uma tremenda bola-fora com todos os envolvidos, você não estará se valorizando e estará se queimando com o mercado.

    Para saber mais sobre a questão da contraproposta, sugiro a leitura do artigo: Devo considerar uma contraproposta?

Resumindo, prepare suas armas e vá pra cima, pois esta é a melhor oportunidade de melhorar seu nível de remuneração.

Um abraço e sucesso!

Hugo Liguori
hugo.liguori@sunhc.com.br

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